URBE RUGE é o projeto fotográfico do paulistano Fernando Bianchi que cria uma crônica visual sobre a percepção sensorial de viver nas grandes metrópolis no século XXI.
Para tanto, o fotógrafo se vale de suas referências da história da fotografia, do cinema e da música, ambientes no qual ele foi criado e que formou a sua forma de ver e refletir sobre o mundo.
Realizado totalmente em preto e branco, esse ensaio reúne imagens realizadas durante a pandemia de 2020 que levaram ao recrudescimento do estado de isolamento no qual as grandes metrópoles tiveram a pulsação de seus fluxos completamente alterados.
Urbe Ruge cria, a partir da soma de estilhaços de cidades existentes, uma cidade ficcional por meio da qual Bianchi cria sua crônica repleta de mistérios, luzes acidentais, sombras que se alongam anunciando a chegada da noite e de seus personagens andarilhos.
Quando a luz do dia revela volumes arquitetônicos, somos levados a uma experiência caleidoscópica, na qual enveredamos por uma cidade feita de fissuras, reflexos, duplicidades, mosaicos que se interligam formando uma teia que a tudo parece envolver e reter.
Rapidamente nos percebemos envoltos em referências que pensam a paisagem urbana como lugar de atração e retenção, uma armadilha!
Logo nos vemos em cenas que remetem ao filme Metrópolis, de Fritz Lang, nos contos das Cidades Invisíveis, de Italo Calvino ou nas experimentações de fotógrafos modernistas como Man Ray e Geraldo de Barros, dentre outros.
Bianchi constrói, com sua alvidez pela matéria fotográfica, uma cidade paralela, imaginária e ficcional na qual nos reconhecemos seja pelas nossas referências de cultura de massa, seja pela nossa experiência de caminhar em busca de aventuras e sentido neste momento distópico em que a arte nos possibilita enxergar novas possibilidades de existir no mundo contemporâneo.
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